quarta-feira, 25 de agosto de 2010

CC – Dificuldade Técnica


Por Alan Ferreira


Existe muita discussão em torno deste aspecto, e entre dúvidas e insegurança, uma constatação: os nossos coreógrafos ainda não sabem o que vem a ser a dificuldade técnica ou, se sabem, não apresentam intimidade com ela.
Nas apostilas o assunto é comumente tratado como a dificuldade colocada nos movimentos para que estes não fiquem simples demais. No entanto, é conveniente analisar tudo que está em torno desta premissa. Por isso, entendemos que dificuldade técnica é todo desafio técnico proposto ao indivíduo ou ao grupo que executa uma tarefa coreográfica. Inclui-se então nessas tarefas variações de marcha, situações de evolução, movimentação do adereço, movimentação sincrônica, ou seja, graus de dificuldade impostos dentro de outros aspectos diretamente relacionados à coreografia.
Não podemos fazer confusão com as notas. Tomemos a marcha como exemplo: a nota de marcha será emitida observando-se movimentação de pernas e pés, anatomia (respeito aos eixos corporais), sincronia... Digamos então que o coreógrafo utilize como artifício de enriquecimento coreográfico, sequências de variações e batidas. Neste caso, o avaliador deverá estar apto a analisar os pontos referentes à marcha e ao desafio proposto àquele grupo naquela movimentação.
A relação entre os aspectos de avaliação perdura em toda a coreografia. A emissão da nota depende do olhar apurado do avaliador aquele movimento. No caso descrito acima teríamos as seguintes reflexões sobre tais aspectos, não necessariamente nesta ordem:
a) A análise da marcha, pela manutenção, energia, anatomia, sincronia e retomada da mesma;
b) Da dificuldade técnica proposta pelo desafio imposto ao grupo no movimento;
c) Da criatividade na composição dos movimentos e sua incorporação na coreografia e na música... Entre outros.

Como podemos ver, um movimento infeliz compromete a coreografia muito mais do que imaginamos, refletindo nas notas de outros aspectos.
O maior erro em relação à dificuldade técnica está em achar que lançar bandeiras ou impor exercícios não convencionais pode alcançar uma boa nota. Logicamente, que o movimento bem executado ajuda, mas do contrário...
A análise da dificuldade técnica se dá em partes. Num primeiro momento, observa-se o grau de dificuldade imprimido naquele movimento. Em seguida, o domínio da técnica pelo grupo. Observam-se ainda aspectos de execução e conclusão do movimento: efeito visual, sincronismo e recuperação. Somente após uma reflexão sobre a técnica executada e seus resultados é que a nota de dificuldade é emitida.
Para que tudo o que foi dito fique mais claro, seguem algumas dicas que podem ajudar na manutenção da dificuldade técnica no seu grupo:

1. Treino é o segredo!
Movimentos com boa dificuldade técnica são resultados de muito treino. As novas técnicas devem ser apresentadas de forma pedagógica, deixando clara a total possibilidade de execução por todo o grupo. Faça sessões de treino isolando o movimento possibilitando ajustes na execução. Só incorpore-o à coreografia após total domínio por todos os indivíduos. A homogeneidade do movimento só é alcançada com muito treino.

2. Aceite as limitações do seu grupo.
A escolha das dificuldades propostas deve considerar a atual habilidade dos indivíduos. Se você tem pouco tempo para treinar, opte por movimentos mais simples. Se o grupo não consegue dominar a técnica apresentada, é um sinal que ainda não está pronto para executá-la. Pesquise exercícios de coordenação motora e domínio do campo visual, e depois, tente novamente.

3. Busque técnicas em outras fontes.
Não existem regras para a exploração dos movimentos. Importe técnicas de outros campos artísticos; artes circenses, ginástica rítmica, colorguards... São exemplos de bons campos de pesquisa. Adapte essas novidades aos critérios de marcialidade encontre a melhor maneira de execução para seus alunos.

4. Seja estratégico!
A dificuldade técnica é apenas um de dez aspectos avaliados. Se o seu grupo não apresenta um alto nível de dificuldade nos movimentos, explore abundantemente os outros nove aspectos. É muito comum vermos CC com dificuldade técnica simples, mas compensam em garbo, alinhamento, marcha, e outros itens. Isso funciona perfeitamente e pode ser a saída para uma excelente apresentação. Então, não precisa ficar frustrado porque o seu concorrente joga o bastão com freqüência, eles podem não ser bons no que é mais simples.


A maioria dos corpos coreográficos do Pará tem problemas de formação e manutenção dos eixos. É uma deixa para que você trabalhe este aspecto em função de uma possível deficiência técnica dos movimentos.

Espero que o artigo ajude.
Boa Sorte!

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domingo, 22 de agosto de 2010

BLZ - BALIZAS

Independente da nomenclatura, balizas, balizadores ou balizas masculinos sempre são um show a parte. Têm a função de anunciar a corporação musical e de estabelecer uma relação de carisma entre banda e público. Para isso, vale tudo! Ou melhor... Quase tudo... Uma boa baliza apresenta a maior gama de habilidades e conhecimentos possíveis para deixar sua apresentação atrativa. E entre danças, ginásticas, contorcionismo e outras artes, o importante é chamar a atenção. Mas isso deve ser feito com bastante cuidado.
Ocasionalmente, vemos apresentações pra lá de bizarras por pura falta de informação. No Pará por exemplo, onde o acesso à informação ainda é muito problemático, meninas que até têm potencial para o posto demonstram total desconhecimento da função. Por isso, postaremos uma série de artigos com noções básicas para o desenvolvimento do trabalho da balizas. Os postes serão identificados pela sigla BLZ, e esperamos contribuir de forma significativa para as balizas e balizadores iniciantes do estado.

DEFINIÇÕES
São elementos da linha de frente das corporações musicais responsáveis por anunciar a corporação ao público e manter uma relação de carisma entre os dois.
O nome remete ao bastão utilizado pelas balizas com o intuito de atrair a atenção dos espectadores para a chegada daquela corporação. No dicionário encontramos:


ba.li.za sf. 1. Estaca ou objeto qualquer que demarca um limite. 2. Marca, sinal. (...) 7. Vara ou bastão que o soldado aciona em movimentos rítmicos à frente de bandas de música (...) 9. Pessoa que faz evoluções acrobáticas, manejando um bastão, à frente de certos desfiles.

Fonte: Aurélio Século XXI, Dicionário da língua Portuguesa.

Daí a obrigatoriedade, na maioria das competições, do uso do bastão durante o deslocamento de entrada.
Existe uma grande discussão em relação a essa nomenclatura. Utilizaremos aqui as formas mais comuns em todo o Brasil: “baliza e balizador.”

Aspectos gerais sobre BALIZAS

UNIFORMIDADE
Por questões de funcionalidade, a baliza tem uma liberdade maior para compor seu uniforme. Apesar da obrigação de manter as cores da corporação, ele pode conter enfeites e brilho, tudo para atrair a atenção dos espectadores, como já dissemos. No entanto, isso deve ser feito com bastante senso de marcialidade. O uniforme, assim como o do Mor, não pode se tornar uma “fantasia”. Os acessórios contidos nele não podem comprometer nenhum movimento. Em geral, utilizam-se normas estabelecidas para a uniformização de outras áreas artísticas, como exemplo, o balé ou a ginástica. Assim, evitam-se decotes, cavas, transparências bem como grandes adereços na cabeça e nos ombros.
Uma questão importante se dá na utilização das “botas”. O fato é que elas não permitem ao avaliador visualizar as articulações dos pés (pontas e calcanhares), comprometendo o aproveitamento da baliza. A melhor opção ainda são as sapatilhas.
Mas para quem não quer perder o charme que as botas aderem ao uniforme, a opção é a adaptação das botas para jazz (com ou sem stretch). Elas são botas que permitem executar sem problemas os movimentos da ponta, meia-ponta e calcanhares.

GARBO E APRESENTAÇÃO
Diferente do resto da corporação, as balizas e balizadores estão livres da forma séria e fechada inerentes a marcialidade. Seus movimentos devem ser suaves e elegantes durante toda a apresentação. É muito comum presenciarmos apresentações onde a baliza esquece o seu compromisso com o carisma e passa tristemente a desempenhar um papel de ginasta. Lembramos que as balizas são avaliadas quanto a sua presença em cena e seu desempenho no espaço de apresentação. Vale ressaltar que uma apresentação previamente ensaiada contribui para a beleza estética da mesma. Então, nada de improvisar a coreografia na hora. Acredite: o seu avaliador vai notar!!!

ADEREÇOS
Os adereços ou aparelhos utilizados devem ser muito bem incorporados a coreografia. Para isso, conhecer profundamente todas as possibilidades de uso desse material é extremamente importante. Qualquer objeto que contribua para o enriquecimento cênico e visual é permitido. São muito utilizados os aparelhos de ginástica rítmica com a errônea idéia de obrigação de uso do mesmos. Logicamente, um bom desempenho com esses aparelhos contribui imensamente para a apresentação, mas a falta do conhecimento das técnicas corretas acabam por atrapalhar muito. Então, se você não conhece as normas de manuseio dos aparelhos de GRD, opte por outros materiais como bandeiras, leques... Explore bastante esse material e você terá bons resultados.

MOVIMENTOS ACROBÁTICOS
Movimento acrobático é o resultado da associação de dificuldades (saltos, flexibilidade, equilíbrio...) produzindo um movimento com habilidade de efeito e perícia. São exemplos: estrela, mortal, flic flac... Os movimentos acrobáticos devem respeitar as técnicas corretas de qualquer modalidade (GRD, GA, capoeira...) Por isso, estudar muito é imperativo.


DICAS

Passadas algumas idéias básicas, vamos a caracterização e algumas dicas sobre adereços. Sempre que possível teremos fotos e vídeos para auxiliar nossa compreensão.
Antes, gostaria de agradecer imensamente a contribuição pessoal de dois grandes profissionais das bandas e fanfarras, que veremos frequentemente por aqui. :



ROBERTA DE MESCOUTO: Baliza desde os 9 anos de idade com inúmeros títulos estaduais e nacionais, ginasta, bailarina, monitora de Ginástica Rítmica Desportiva (GRD), acadêmica da primeira turma do curso de Licenciatura Plena em Dança, da Universidade Federal do Pará.





JÚNIOR LIEUTHIER: Precursor nas práticas de balizador no estado do Pará, detém inúmeros títulos estaduais e nacionais e é hoje, por suas conquistas, referência no meio das bandas e fanfarras paraenses.



Deixo aqui o meu “Muito obrigado!”




O BASTÃO

Dentre todos os aparelhos utilizados pelas balizas, é este o único “obrigatório”.
Trata-se de uma haste que contém em suas extremidades pequenos pesos com o objetivo de estabelecer o ponto de equilíbrio central do adereço. Esses pesos também contribuem para a manutenção dos movimentos de rotações do mesmo.
O seu tamanho varia de acordo com a estatura do indivíduo. O ideal é que seu comprimento não comprometa seus movimentos.
Para ficar claro, tomemos o centro do adereço como referência. Aconselha-se que sua metade não ultrapasse muito a articulação do antebraço, como vemos na foto:



Alguns movimentos são básicos para o manuseio do bastão. Como as rotações que podem ser com uma mão, com duas, frontal, vertical horizontal e etc.



À esses movimentos pode-se associar dificuldades como lançamentos, equilíbrio, saltos e flexibilidade, valorizando a proposta com o objeto. Abaixo temos um vídeo com uma mostra do trabalho desenvolvido com o bastão durante a entrada.





Dicas simples, mas que podem fazer a diferença na sua apresentação.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Lions Clube Castanhal: 14 anos de tradição com as bandas e fanfarras do Pará.


Quem não se lembra dos grandes festivais de bandas e fanfarras do Lions Clube Belém-Marco? Bons tempos aqueles onde brilharam bandas gigantescas motivadas pelo calor da torcida... Bem, o evento teve a sua última edição em 1999 e deixou saudades. No entanto, há 14 anos a mesma entidade promove em Castanhal, nordeste do estado, um dos maiores festivais da região reunindo corporações da “cidade modelo” e adjacências. E para saber tudo sobre o evento, nossa equipe encontrou com o Senhor Inácio Prestes, Presidente da coordenação do 14º Concurso de Bandas e Fanfarras Escolares realizado pelo Lions Clube Castanhal – Centro, com o apoio da Prefeitura Municipal de Castanhal, através da Secretaria Municipal de Educação e Fundação Cultural de Castanhal.
Há 35 anos na cidade, o Lions Clube objetiva despertar o sentimento cívico, o patriotismo e companheirismo dentro da comunidade que atende, no entanto, o efeito acaba sendo muito maior, atravessando os limites da cidade. Mesmo com dificuldades na estrutura física do evento e no material humano pois só conta com mão de obra voluntária, o concurso renova sua credibilidade a cada ano.

Apesar dos incidentes, como por exemplo, o fato da premiação do mor na edição de 2009 (onde uma corporação foi premiada sem possuir um), o evento vem se adaptando às novidades da comunidade musical escolar. O ocorrido no ano passado foi um fato isolado, garante Inácio, e que os ajustes já foram feitos para corrigir o problema. Aliás, no que diz respeito à linha de frente o concurso promete inovações: a tradicional premiação de corpo coreográfico, baliza e mor atenderá aos padrões técnicos como nos outros eventos. Ainda segundo Inácio, os jurados de corpo musical são decididos seguindo uma rotatividade entre as corporações militares que apóiam o evento. O concurso conta ainda com a ajuda da Fundação Carlos Gomes e Escola de Música da Universidade Federal do Pará.

As expectativas para 2010 são as melhores. Espera-se que as bandas recebam o melhor julgamento possível e que os ajustes feitos tenham realmente resultado. Para as corporações, resta o nervosismo. O peso da tradição do evento serve como tempero da apresentação, tornando mais marcante a participação de todos.
Sabemos que o concurso precisa melhorar tecnicamente no que diz respeito às linhas de frente, fato que, sem dúvida, será corrigido neste ano valorizando ainda mais a nossa categoria.

A Equipe do Linhas de Frente do Pará deseja ao Lions Clube Castanhal – Centro um excelente concurso e agradece em nome de todas as corporações participantes pelos 14 anos de incentivo e dedicação às bandas e fanfarras paraenses.

DADOS DO 14º CONCURSO DE BANDAS E FANFARRAS ESCOLARES
Data: 18 de setembro de 2010
Realização: Lions Clube Castanhal - Centro
Apoio: Prefeitura Municipal de Castanhal e Fundação Cultural de Castanhal.
Contato: 9114 – 2275 (Sr. Inácio Prestes)

domingo, 1 de agosto de 2010

Calendário de eventos

Importante:

CC – Corpo coreográfico: a música em movimento.

Muitas dúvidas pairam na cabeça dos nossos coreógrafos. Normal, uma vez que a prática dos corpos coreográficos (CC) ainda é considerada recente no Pará. As primeiras corporações a se apresentarem com uma “comissão” trouxeram a novidade de fora, mais especificamente dos saudosos festivais de Goiânia que movimentaram as comunidades musicais escolares na década de 90, dentre elas podemos citar as fanfarras Doracy Leal, Paes de Carvalho, Antonio Lemos e Magalhães Barata, na época denominada ETEPA.
De lá pra cá, muita coisa mudou e hoje temos até linhas de frente (LF) campeãs nacionais. Mas não significa que dominamos a técnica e isso fica muito visível nos concursos.
Então, começaremos a postar dicas bem úteis para quem está começando nessa atividade e assim cada um poderá fazer suas próprias estratégias na montagem de suas coreografias.




3 dicas importantes para que o seu pequeno grupo seja um grande CC.


É comum encontrarmos CCs pequenos nos eventos paraenses, em média 12 componentes, e por isso, as primeiras dicas serão direcionadas para esses grupos que são grande maioria em nosso estado.

1) Cuidado na divisão do grupo em naipes.
Apesar de ser muito bonita, a divisão em naipes pode ser perigosa para um grupo pequeno. Na verdade, ela compromete a formação, pois além de aumentar a incidência de lacunas, dificulta as formações regulares prejudicando a simetria dos desenhos. Dá a impressão de haver um grupo ainda menor. Opte por trabalhar um grupo só, alternando alguns movimentos, assim o impacto visual é valorizado e o produto final fica muito melhor.

2) Escolha do acessório adequado.
Vamos pensar: um dos objetivos da sua coreografia é aparecer, impressionar, crescer. Para isso, você precisa utilizar um adereço que promova esse efeito. Nada de pequenos bastões ou coisa parecida... Prefira bandeiras grandes, com cores vibrantes, de formatos diferentes e estampas novas. Adereços grandes têm mais expressão e aumentam o volume, tomando mais espaço e dando a impressão de um contingente maior.

3) Trabalhando as dimensões do CC.
Um erro muito comum é achar que os CCs pequenos devem ocupar as mesmas dimensões que os maiores. Na tentativa mostrar grandiosidade os coreógrafos distribuem os elementos do grupo de forma totalmente irregular e desproporcional para o contingente que apresenta. Isso gera problemas de alinhamento, evolução e formação entre outros. Então, procure não exagerar nos intervalos e nas distâncias entre os elementos. Verifique se a cobertura é respeitada durante as evoluções e se a manutenção dos eixos das formações é eficiente.

Bom trabalho e boa sorte!!