terça-feira, 30 de outubro de 2012

A TEMPORADA PARAENSE 2012 E SEUS ALTOS E BAIXOS DAS LDF

Por Alan Ferreira

Passado o período de efervescência das competições no estado, as corporações se preparam para os desafios fora dos limites paraenses. No tocante as linhas de frente, nossa especialidade, erros e acertos foram registrados por nossa equipe de pesquisadores. Consultados, fazem suas análises e dão dicas importantes para contribuir mais ainda com a categoria que dá show nos eventos. Com vocês: Roberta de Mescoutto, Augusto Alves, Junior Lieuthier e eu, Alan Ferreira.


UM BREVE PARECER SOBRE A TEMPORADA 2012


Toda a equipe do LDFDP concorda num ponto: 2012 foi um ano frio. Essa impressão, muito se deve à influência do período politico, mas não justifica a falta de evolução técnica e limitação da criatividade dos nossos agentes criadores das corporações. Os trabalhos devem continuar e, com poucas exceções, uma técnica humilde foi apresentada. Principalmente quando temos pela frente a nossa capital sediando a etapa final do Nacional de Fanfarras. Como já foi ressaltada pelo blog, a sensação de “já vi esse filme” nos visitou em todos os concursos o que ocasionou uma espécie de “ctrl+c e ctrl+v” nas justificativas.


Do pelotão cívico ao mor, nossas observações e recomendações.



PELOTÃO CÍVICO E ELEMENTOS ALEGÓRICOS


A LDF é o “cartão de visita” da corporação. Apresentando ao público e a banca julgadora a que a banda veio, devendo impactar pela elegância e pela estética organizada. Assim, pressupõe-se que o grupo fará uma grande passagem pelo circuito atraindo a atenção do júri para o empenho geral que norteia o projeto avaliado. Neste contexto, as nossas corporações têm demonstrado que este aspecto está em segundo plano. Onde estão os escudos e flamulas que cercavam as bandeiras? Para onde foram os guardas de honra? Sumiram. Aos que ficaram, sugerimos mais treinos de marcha e garbo. Pois uma corporação onde a sua LDF não sabe marchar e demonstra cansaço e descaso, não se espera muito do resto da corporação.

Dica: Sempre que puder, leve as bandeiras do estado, município, escola, etc... Desta forma o grupo demonstra preocupação estética e não apenas cumprir um artigo do regulamento. Certifique-se que a bandeira do estado não está de cabeça para baixo, erro comum de nossas LDF (oriente-se pela “ponta norte” da estrela central da bandeira que deve está sempre para cima). Algumas escolas receberam as bandeiras com um erro de confecção. Se for o seu caso, corrija enquanto tem tempo.

Destaques: Fanfarra Paulo Mendes e Fanfarra Tereza D'Avila


O MOR


Conscientes. Esta palavra resume a atuação de nossos mores na temporada. Segundo Augusto Alves, a categoria teve uma leve melhora sobre a sua real função dentro da corporação. Diz ele: “Sinto que eles estão mais conscientes sobre o seu papel. Com raras exceções, os exageros de uniforme e de movimentação estão mais contidos. Destaco aqui a impressão de que todos repetem o mesmo repertorio de comandos, no entanto mais marciais.” Ainda segundo o jurado, essa consciência é reflexo do projeto desenvolvido no estado desde 2008 que forçou os mores a se dedicar um pouco mais à pesquisa e às informações sobre o cargo. “Ressalto o desempenho de nossos mores fora do estado, onde quase sempre se classificam em primeiro lugar, coroando o diferencial do nosso trabalho, que para nós, ainda não é o limite.”


Dicas: Diversifique mais suas movimentações de comando. Atente-se para as fases do mesmo. No comando de voz é importante lembrar que existem diferenças de pronunciação entre as palavras oxítonas e paroxítonas. Informe-se. Oriente toda corporação a executar um deslocamento sem paradas, pois estas são oportunidades de desvios no alinhamento e irregularidades na cobertura, comprometendo as notas de apresentação do corpo musical.

Destaque: Fanfarra Irene Titan


AS BALIZAS


Sem novidades. Assim iniciou sua análise a jurada Roberta de Mescoutto sobre as balizas paraenses: “As mesmas recomendações sempre. Nossas balizas precisam se conscientizar que a montagem prévia de uma coreografia contribui muito para uma boa apresentação. A improvisação quase sempre é nociva, pois demonstra falta de comunicação entre baliza e música. Apesar disso, notei que há uma melhora no manuseio dos aparelhos. Quem não domina GRD optou por elementos mais criativos, alguns sem sucesso, outros bem incorporados à composição.” É importante ressaltar que a baliza não é uma ginasta, tão pouco uma bailarina, e sim uma mistura de tudo que seja gracioso e diferente, provocando uma reação boa no expectador. “Queria manifestar minha preocupação na execução de certos exercícios como o espacato e alguns rolamentos. Feitos sem a técnica põem em risco a integridade da baliza. Vamos meninas! Temos um nacional para brilhar. É uma boa oportunidade para pôr a criatividade à mostra e melhorar nossas aparições em competições.” Completou a ex-baliza que hoje é policial militar.


Dicas: A baliza não pode esquecer de apresentar sua banda durante a entrada, pois esta é uma das suas funções. Cuidado nas maquiagens: se você é uma baliza mirim faça uma pintura adequada e não exagere nas pinturas faciais, por exemplo no uso de pedraria. Procure sempre algum profissional para lhe ajudar nos exercícios. Toda escola tem um educador físico apto a lhe dar orientações.

Destaques: Banda Pimpolho e Fanfarra Latif Jatene


OS BALIZAS MASCULINOS


“Este foi o ano dos balizas Masculinos!” Exclamou empolgado Júnior Lieuthier e continuou: “Toda corporação apresentou um baliza masculino. Acho que fui o jurado que mais trabalhou na pista!” Apesar da resistência da CNBF em conter a categoria, no Pará ela apresentou grande evolução. Algumas corporações nem se quer tinham CC, mas quase sempre possuíam um baliza masculino. “Os progressos foram muitos. Do numero de balizas à melhoria da qualidade técnica da apresentação. Em alguns casos os resultados se deram com diferenças mínimas. Fico feliz pelos avanços.” Segundo Júnior, ainda vemos balizas masculinos com problemas de postura artística, porém poucos. O bom foi ver a preocupação da categoria na escolha dos adereços e na adaptação dos uniformes.


Dicas: Aproveite sua força em exercícios diferentes. Explore sua principal habilidade, por exemplo, se você é bailarino saltos e pivots. Se você é ginasta, monte boas séries de solo. Evite os aparelhos de GRD, pois quase sempre a falta de técnica vai lhe prejudicar e são adereços muito femininos. Monte sua coreografia sempre com antecedência e não esqueça de convidar o público pra sua apresentação.

Destaques: Banjom e Nova Esperança do Piriá

CORPO COREOGRÁFICO


Estagnação. Esse é o sentimento que paira sobre os corpos coreográficos atualmente. As inovações, as técnicas, os efeitos, o progressão crescente que impulsionou nossos corpos coreográficos acabou. Os motivos desse retrocesso são muitos, o principal deles a falta de estudo. Como ficou fácil montar um corpo coreográfico hoje: você abre um vídeo no Youtube e copia a coreografia da “Blue Devils”! Lamentável. O resultado disso são corpos coreográficos pequenos, sem ritmo, sem identidade e sem efeito visual. Eu, Alan Ferreira, não gostaria de estar escrevendo isso. Ainda temos um bom trabalho em relação a alguns estados, mas se vocês se contentam com pouco, tudo bem. O Pará já foi referência com grandes conquistas e apresentações inesquecíveis e é assim que temos que continuar sendo. Portanto, vamos encarar a realidade e criar coisas novas. Correndo o risco de ser odiado, o meu intuito é lhes fazer atentar para o caminho que estamos tomando, e amigos, confio em vocês, mas me provem que podem mais do que estou vendo.
 
Dicas: Dê um “Up” no seu CC evitando utilizar apenas as bandeiras coloridas ou busque um modelo novo, com apelo e efeito nos movimentos. Pesquise novas possibilidades de movimentos. Transforme cada ato da musica ou cada finalização das propostas de evolução em pequenos “shows” dentro da coreografia. Treine incansavelmente a postura e o garbo do seu grupo. Não esqueça das bases como alinhamento e marcha. Lembre-se que o evento é no Brasil, não na Califórnia!

Destaques: Banere e Famu Ulianopolis